Cesta Básica é Coisa de Rico

Cesta Básica é Coisa de Rico
Imagem Retirada da Internet

Os pés apressados riscavam o chão com a velocidade de quem queria livrar-se do ar gélido da manhã.

“Dois reais de pães, por favor.”

O atendente interrompe o interrogatório de “como vai a sua família” para virar-se e começar a colocar os pães na sacola.

À medida que a sacola vai enchendo, a expressão de espanto do menino volta-se para o saco plástico, que mais parece que vai explodir.

Ao voltar para casa, o menino mostra a sacola para sua mãe, que reprime a felicidade do menino dizendo que aqueles pães são poucos e muito caros.

A venda de sorvetes da Dona Rosa enfeitiça as crianças naquele verão infernal, fazendo-as gastar um a um os trocados que receberam de seus pais.

“R$ 1,50.”

E cada criança sai de lá com um lindo e gelado sorvete nas mãos.

O menino feliz joga para cima a sua moeda de 1 real.

O coração palpita de emoção ao avistar a venda do Seu Fulano, pois sabe que hoje será o seu dia.

“Isso tudo?”

“Sim. Isso tudo de balas.”

E o menino sai de lá com as mãos recheadas de doces.

Recentemente, fui à padaria comprar um pequeno bolo de cenoura. A atendente, muito educada, sorriu dizendo:

23 reais.”

Tive que disfarçar o espanto para não cair duro ali mesmo ao lembrar dos doces dias de minha infância.

O preço da cenoura sobe, o valor do bolo vai às alturas.

Comprar um simples pacote de biscoitos virou um desafio. As embalagens dos produtos, antes gigantes, diminuem cada vez mais de tamanho.

É a crise financeira forçando o corte de gastos nas empresas.

As embalagens diminuem, o preço aumenta, forçando o brasileiro a deixar o velho arroz com feijão de lado.

E assim, o tamanho da cesta básica só diminui, e a fome aumenta.