Todos os anticoncepcionais aumentam o risco de Câncer de Mama, diz estudo

Saiba quais são os métodos contraceptivos e suas respectivas composições que mais aumentam o risco de câncer de mama

Todos os anticoncepcionais aumentam o risco de Câncer de Mama, diz estudo
Nadzeya Haroshka / Getty Images/iStockphoto

A famosa "pílula" que revolucionou os hábitos sexuais e reprodutivos das mulheres de todo o mundo, hoje é vista com preocupação por cientistas e médicos.

Isso porque, há décadas estudos sugerem que as pílulas anticoncepcionais contendo uma combinação de estrogênio e progestagênio – versões sintéticas dos hormônios femininos e composições basilares para a fórmula de contraceptivos  – podem elevar o risco de Câncer de Mama. Todavia, essas pesquisas se concentravam no risco associado aos contraceptivos apenas de progestagênio, como dispositivos intra-uterinos ou a chamada minipílula.

Em um estudo inédito publicado nesta terça-feira ( 21) na revista PLOS Medicine revelou que todos os contraceptivos hormonais, incluindo as “minipílulas, injeções e DIUs” apresentam “risco excessivo” de câncer de mama, segundo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Ainda de acordo com estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), nos últimos anos, o Câncer de Mama se tornou um dos cânceres mais diagnosticados e fatais em todo o mundo, tendo como principais vítimas o público feminino.

Principais descobertas 

Ao todo, foram entrevistadas cerca de 10.000 mulheres com menos de 50 anos diagnosticadas com câncer de mama para avaliar a ligação entre o uso de contraceptivos hormonais e a doença.

Os resultados sugeriram um aumento relativo de cerca de 20% a 30% no risco de câncer de mama associado ao uso atual ou recente ( 3 a 5 anos) de contraceptivos orais ou que continham apenas progestina, como métodos como DIU, injeções, adesivos e contraceptivos de emergência ( normalmente utilizados após relações íntimas sem preservativo). 

Confira abaixo os principais anticoncepcionais mais usados: 

O risco de desenvolver câncer de mama é semelhante em todas essas opções, independentemente de dependerem de um ou mais  hormônios ( Arte/ Mariana Domin)

O risco de desenvolver câncer de mama é semelhante em todas essas opções, independentemente de dependerem de um ou mais hormônios ( Arte/ Mariana Domin) 

O estudo constatou que as mulheres que tomam contraceptivos hormonais durante um período de cinco anos entre as idades de 16 e 20 representam 8 casos de câncer de mama por 100.000. As mulheres com idades compreendidas entre os 35 e os 39 anos representavam 265 casos por 100.000.

A pesquisa de Oxford revelou que o risco de ser diagnosticado com câncer de mama tem relação com o uso de pílulas anticoncepcionais que contém uma combinação de dois hormônios, pílulas apenas, bem como pílulas com progestagenio sintético ( progestina), normalmente encontrados no DIU hormonal em comparação com mulheres que não o fizeram.

"Eu realmente não quero que as mulheres vejam isso e pensem: 'Ah, não, preciso parar com a pílula só de progestágeno'", disse Gillian Reeves, co-autora do novo estudo e diretora do Cancer Research Institute. Unidade de Epidemiologia da Universidade de Oxford.

"Existe um risco aumentado, independentemente do que você usa em termos de contraceptivos hormonais", acrescentou ela.

A pesquisa também observou que os riscos de câncer de mama são menores para as mulheres mais jovens, uma vez que o risco subjacente aumenta com a idade.

As descobertas são baseadas em uma análise de registros de prescrições de mulheres com menos de 50 anos no Reino Unido. Quase 9.500 dessas mulheres foram diagnosticadas com câncer de mama entre 1996 e 2017, enquanto mais de 18.000 não foram.

Os pesquisadores combinaram os resultados de suas análises com os achados de 12 outros estudos que examinaram o risco de contraceptivos só de progestagênio. Os resultados gerais foram semelhantes, sugerindo que a contracepção hormonal pode aumentar o risco de câncer de mama em até 30%.

Para a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), não há necessidade das mulheres interromperem o uso do anticoncepcional que já utilizam. “O ideal é que cada usuária do método avalie ou discuta com seu médico sobre os riscos e os benefícios desta decisão”, afirma Antonio Luiz Frasson, presidente da SBM. Baseado neste estudo e em estudos prévios sobre a relação ao uso de anticoncepcionais orais e câncer de mama, a entidade esclarece ainda que o aumento de risco é relativo e depende muitas vezes da idade e do tempo de uso.

Vale ressaltar que este é um risco relativo, no entanto: a mulher média tem uma chance de 1 em 8 de desenvolver câncer de mama em algum momento de sua vida, então o estudo sugere que o controle de natalidade hormonal aumenta ligeiramente essas chances.