Benefícios da Inclusão Escolar

A Lei Brasileira de Inclusão (LBI) determina que crianças e adolescentes com deficiências sejam incluídos nas salas de aula da escola regular juntamente com seus pares sem deficiência. Na prática, quais os benefícios que este convívio pode trazer para os alunos e para o próprio ambiente escolar?

A relação diária com a diversidade humana nos proporciona um olhar social mais respeitoso e livre de julgamentos. O capacitismo – que é o preconceito com pessoas com deficiência – está enraizado na sociedade e, como o termo diz, envolve uma pré-concepção sobre as capacidades do indivíduo devido à deficiência, e geralmente reduz a pessoa a essa deficiência.

Alunos sem deficiência que passaram por classes inclusivas valorizam mais a diversidade e mostram menos preconceito. Além disso, o convívio entre crianças e adolescentes com e sem deficiência favorece desenvolvimento intelectual e socioemocional de todos. 

Isso é o que diz o estudo “Os benefícios da educação inclusiva para estudantes com e sem deficiência”, coordenado pelo professor Thomas Hehir, da Escola de Educação de Harvard, lançado em 2016 pelo Instituto Alana e ABT Associates. A análise compila resultados de mais de 89 estudos, selecionados num universo de 280 artigos publicados em 25 países, realizados por meio de diversas metodologias e com diferentes populações de estudantes.

“A magnitude dos benefícios da educação inclusiva pode variar de um estudo para outro, mas a grande maioria reporta benefícios significativos para os alunos que são escolarizados ao lado de seus pares sem deficiência — ou, na pior das hipóteses, não mostra diferenças entre os estudantes incluídos e não incluídos”, aponta a pesquisa.

Isso porque a educação inclusiva diz respeito a diferenças humanas presentes em cada indivíduo e que precisam ser atendidas. No caso dos alunos com deficiência, a inclusão favorece o desenvolvimento de habilidades em leitura e Matemática e reduz a propensão a incidentes comportamentais. As pesquisas indicam ainda que estão mais aptos a completar o Ensino Médio do que os que não estão incluídos. Quando adultos, esses estudantes têm maior propensão a ingressar no ensino superior, a encontrar um emprego e viver de forma independente.

A convivência de estudantes com e sem deficiência numa mesma sala de aula produz efeitos positivos, na maioria dos casos, quando se analisa o desempenho dos estudantes sem deficiência. Uma pesquisa de 2007, da Universidade de Manchester, na Inglaterra, com base em 26 estudos desenvolvidos nos Estados Unidos, Austrália, Canadá e Irlanda, concluiu que a maioria (81%) dos alunos sem deficiência que estudam em salas de aula inclusivas ou não foram impactados ou tiveram ganhos no seu desenvolvimento acadêmico – respectivamente, 58% e 23% dos estudos analisados.

Outro resultado aferido por diversas pesquisas analisadas no estudo do Instituto Alana diz respeito à visão de mundo e à percepção da diversidade como um valor: pessoas sem deficiência que estudam em ambientes inclusivos têm menos opiniões preconceituosas e são mais receptivas às diferenças.

Link para acessar na íntegra a LBI:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm

Link para acessar o estudo do Instituto Alana:

https://alana.org.br/wp-content/uploads/2016/11/Os_Beneficios_da_Ed_Inclusiva_final.pdf