Você sabe o que é TDAH?

Saiba mais sobre esta condição e os impactos das suas características na vida dos indivíduos que convivem com o transtorno.

Você sabe o que é TDAH?
luis-villasmil

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude (hiperatividade) e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.

O diagnóstico do transtorno deve ser feito por médico/a psiquiatra ou por equipe multidisciplinar (médica/o, psicólogo/a, neuropsicólogos, professores, psicopedagogas/os), é importante enfatizar que para conclusão diagnóstica o indivíduo deve apresentar características do transtorno desde criança e, deve ainda, possuir prejuízos nas três áreas que caracterizam especificamente o TDAH, desatenção, impulsividade e hiperatividade. No caso do DDA o indivíduo pode não apresentar sintomas característicos de hiperatividade ou inquietude. Portanto se você é, ou conhece alguém que é, muito distraído, ou, que perde o foco com facilidade, possivelmente você não tem TDAH. Isso porque, como dito acima, o diagnóstico se fecha no tripé desatenção, impulsividade e hiperatividade, possuir apenas uma dessas características não caracteriza o transtorno.

TDAH é considerado uma condição de neurodiversidade, assim como autismo e bipolaridade (entre outras), o que significa que o cérebro dessas pessoas funcionam de forma diferente do padrão típico cerebral adotado pela comunidade médica, fazendo com que indivíduos com TDAH respondam aos estímulos do ambiente de forma única.

O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com outras crianças, pais e professores. As crianças são tidas como “avoadas”, “vivendo no mundo da lua” e geralmente “estabanadas” e com “bicho carpinteiro” ou “ligados no 220V” (isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.

Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos (“colocam os carros na frente dos bois”). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e o quanto isto afeta os demais à sua volta. São frequentemente considerados “egoístas”.

TDAH no ambiente acadêmico

Na escola e instituições de ensino é possível fazer adequações e adaptações para que os alunos e alunas com TDAH sejam mais bem acolhidos e possam desenvolver todo seu potencial de aprendizado. Algumas das estratégias adotadas nas salas de aula são:

  1. Variar a rotina e método de ensino. Alunos com TDAHtendem a dispersar e se entediar muito rápido;
  2. Usar pistas visuais e/ou táteis;
  3. Pedir que o/a aluno/a sente-se próximo ao professor/a e ao quadro;
  4. Incentivar a prática e repetição;
  5. Passar uma instrução por vez;
  6. Aplicar reforço positivo;
  7. Manter uma boa comunicação com a família e com os profissionais envolvidos no tratamento;
  8. Explorar os interesses especiais (hiperfocos) dos/as alunos/as. 

Tratamento de TDAH

O Tratamento do TDAH é realizado através da combinação de medicamentos específicos para a condição, orientação aos pais e professores (no caso de crianças e adolescentes), além de técnicas específicas que são ensinadas ao indivíduo.

A psicoterapia indicada é a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) que no Brasil é uma atribuição exclusiva de psicólogos e psiquiatras. Não existe até o momento nenhuma evidência científica de que outras formas de psicoterapia auxiliem nos sintomas de TDAH.

O tratamento com fonoaudióloga/o está recomendado em casos específicos onde existem, simultaneamente, Transtorno de Leitura (Dislexia) ou Transtorno da Expressão Escrita (Disortografia). O TDAH não é um transtorno de aprendizagem, como a Dislexia e a Disortografia, mas as dificuldades em manter a atenção, a desorganização e a inquietude podem atrapalhar o rendimento nos estudos. É necessário que os professores conheçam técnicas que auxiliem os alunos e alunas com TDAH a ter melhor desempenho.

É importante lembrar que, assim como várias outras condições de saúde, muitos tratamentos pseudocientíficos surgiram nas últimas décadas com a promessa de cura ou melhora do TDAH. A sugestão que eu dou aqui é a de procurar profissionais e instituições especialistas no tema e que atuem com respaldo na ciência, não sendo movidos por teorias mirabolantes e relatos de casos isolados.

Atenção!

As principais medicações utilizadas no TDAH vem sendo amplamente consumidas sem prescrição médica, com o objetivo de alcançar “alto rendimento” intelectual. Jovens e adultos que estudam para provas, concursos, bem como executivos, vem fazendo uso indiscriminado dos remédios. O Metilfenidato (principal substância presente nas medicações para TDAH) pode causar efeitos colaterais sérios como cefaleia, sudorese, falta de apetite, insônia, ansiedade e irritabilidade, pessoas também podem apresentar quadros de abstinência, geralmente quando fazem uso por um período prolongado. Portanto se você não tem diagnóstico de TDAH você não tem indicação de uso desta droga.

Link sugerido para mais informações sobre TDAH: https://tdah.org.br