O BULLYING E A NÃO ACEITAÇÃO DO OUTRO
A prática do bullying apresenta-se como algo rotineiro nas salas de aula e pátios das escolas brasileiras, no entanto ela carrega um caráter violento que deve ser afastado da formação de crianças, adolescentes e jovens. Uma vez que pode atingir proporções desastrosas na vida em sociedade.
O BULLYING E A NÃO ACEITAÇÃO DO OUTRO
Construir relações de amizade ao longo da vida é fundamental no fortalecimento das relações interpessoais, e durante a adolescência esse processo intensifica-se com a formação de grupos que na maioria dos casos caracterizam-se pela semelhança de seus integrantes. Porém, esse ambiente também favorece a exclusão do diferente, que pode caminhar para uma situação exacerbada de recusa a tudo que envolve o “outro”, sendo expressa pela prática do bullying.
O bullying adquiri forma quando a norma social da boa convivência é transgredida. E assim, um determinado grupo ou pessoa passa a atacar diariamente um indivíduo considerado fraco, diferente, estranho, feio, alto, gordo ou magro para os “padrões” de quem oprime. Os adjetivos usados como justificativa são vários, que vão desde a características físicas, comportamentais e intelectuais aos marcadores sociais como classe, gênero e raça.
No entanto, é importantíssimo pontuar que estas possíveis justificativas não são o suficiente para compreender a prática do bullying entre crianças e adolescentes. De fato, menosprezar uma menina negra por conta de seu cabelo é racismo, perseguir um garoto por conta de seu peso é gordofobia, difamar uma adolescente nas redes sociais é crime. No entanto, estas situações também expressam o atravessamento do PODER nas relações, pois quando uma criança faz piadas com a aparência de uma outra criança e as demais concordam com gargalhadas e outras piadas, inicia-se um ciclo de reafirmação do poder dos agressores e agressoras e de submissão, medo e raiva na vítima. Que pode resultar em estatísticas graves de violência no ambiente escolar.
Nesse sentido, a prática do bullying tem como alicerce as seguintes estruturas, a violência travestida de brincadeira que reverbera em ataque, a submissão o medo e a raiva do alvo e a conivência de quem assiste ou participa para garantir seu lugar de aceitação no grupo.
O relatório da Pesquisa Internacional sobre ensino e Aprendizagem (TALIS) entre 2018 e 2019 traz um recorte interessante sobre essa questão no Brasil, cerca de 28% das coordenações das escolas brasileiras relataram casos de bullying cotidianamente nos anos finais do ensino fundamental. E docentes e demais funcionários também relataram sofrer com atitudes intimidadoras, por parte do alunado. Esse pequeno recorte do relatório da pesquisa sobre as práticas na cultura escolar brasileira evidencia um aspecto preocupante, a disseminação da violência no ambiente educacional. Carneiro, reitera em suas análises que o bullying avança de acordo com os níveis escolares e assim passa a atingir outros setores para além da sala de aula.
A adolescência é a fase das descobertas de sensações e sentimentos, de dúvidas e contestação. Diante deste turbilhão de emoções, às vezes, o diálogo familiar torna-se complicado e é nessa circunstância que os amigos e amigas tornam-se confidentes. Pertencer a um grupo é um quesito fundamental no comportamento dos adolescentes, pois compartilham as mesmas preferências e sonhos. E é nesse momento, que o outro sendo “diferente” não é compreendido. Portanto, é necessário propor um ambiente estruturado no diálogo reconhecendo as diferenças do outro e principalmente respeitando-as.
Sobre as ações de enfrentamento ao bullying na escola
O dia 07 de abril fora nomeado como o Dia Nacional de Combate ao bullying e à violência nas escolas através da lei n° 13.277/2016.
O Artigo 12, inciso VI da LDB propõe a articulação entre sociedade, escola e comunidade. Nesse sentido, a escola não deve distanciar-se do problema, perceber e atuar diretamente em casos de exclusão de determinados educandos e principalmente ouvir as queixas de possíveis vítimas. A realização de aulas, palestras e seminários que abordem o tema, a partir de filme e documentários. Atividades extraclasse organizadas, desenvolvidas e apresentadas pelos próprios estudantes e uma das opções mais difíceis de todas: sortear os alunos para trabalharem em grupo, uma alternativa é propor esta atividade para ser trabalhada em sala de aula, assim o docente terá a percepção do andamento de cada grupo.
REFERÊNCIAS
CARNEIRO, Moaci Alves. LDB fácil: leitura crítico-compreensiva, arigo a artigo / Moaci Alves Carneiro. 24. ed. Revista, atualizada e ampliada. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2018, 258-269.
REZENDE, Renata Silva; DOS SANTOS, Elton Castro Rodrigues. ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO BULLYING NAS ESCOLAS. Construindo diálogos na educação inclusiva: Acessibilidade, Diversidade e Direitos Humanos. VI CINTEDI Congresso Internacional de Educação Inclusiva/ V Jornada Chilena Brasileira de Educação Inclusiva.
https://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/institucional/bullying-e-violencia-desafios-nas-escolas-brasileiras